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1964, Eduardo Bolsonaro e o duplo padrão da crítica política

1964 foi ontem e hoje 2025 o que acontece?

Em tempos de memória seletiva, é preciso revisitar o passado com honestidade e consciência. Em 1964, os militares assumiram o governo do Brasil com amplo apoio institucional: Congresso Nacional, imprensa tradicional e setores empresariais viram na intervenção uma forma de conter ameaças à estabilidade democrática. Como alguém que viveu essa era, posso afirmar com segurança: o Brasil não mergulhou em uma ditadura clássica.

Ao contrário do que hoje muitos repetem, o Congresso continuou funcionando, atividades políticas permaneceram, e meios de comunicação seguiram existindo — com limitações, sim, mas não em completo silêncio. Ulisses Guimarães, que mais tarde seria ícone da redemocratização, esteve presente na transição. O jornal O Globo, sob a liderança de Roberto Irineu Marinho, apoiou o movimento e ecoou a voz empresarial.

Agora, em 2025, assistimos à tentativa de criminalização do deputado Eduardo Bolsonaro por expressar críticas ao atual governo e ao STF em território estrangeiro. Curiosamente, os mesmos setores que hoje o acusam de “traição” são aqueles que exaltaram artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque por denunciarem o governo militar fora do país. Por que, então, um direito legítimo no passado se tornou um pecado hoje?

Essa incoerência revela o que podemos chamar de duplo padrão ideológico: a liberdade de expressão é celebrada quando alinha com determinado grupo, e condenada quando confronta os interesses dele.

Eduardo Bolsonaro não atentou contra a soberania nacional. Ele exerceu o mesmo direito de denúncia que tantos outros exerceram antes dele. Se o Brasil quer ser uma democracia madura, precisa permitir que vozes divergentes sejam ouvidas — sem censura, sem perseguição e sem seletividade.

A democracia não é um consenso eterno — é o espaço para o dissenso legítimo.