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Folclore Político

Folclore Político um conto.....

por Jorge Aragão em 17 de março de 2025

1. Um ministro promoveu concurso. Deixou no Catete dois decretos nomeando o 3º e o 5º colocados. No dia seguinte foi despachar com Dutra. – Ministro, não assinei os decretos. Porque vão ser nomeados os que tiraram 1º e 2º lugar. – Mas, presidente, não há lei que mande nomear o 1º e o 2º colocados. – Há, sim, ministro. A moral. A moral é uma lei. E nomeou o 1º e o 2º.

2. Quando estourou a Revolução de 1930, as tropas federais do Rio Grande do Sul, Minas e Paraíba aderiram logo. Menos em Três Rios, no interior de Minas. O coronel comandante do Regimento de Cavalaria ficou solidário com o governo de Washington Luís, desobedeceu ao comando da Região Militar, ocupou a cidade e não se entregou. As tropas civis da Aliança Liberal ocuparam as cidades vizinhas de Campanha, Varginha, Lavras, Conceição do Rio Verde, fizeram vários ataques a Três Corações, mas não conseguiram desalojar o coronel. Quando Washington Luís embarcou para a Europa, o coronel se entregou, os vitoriosos de Minas mandaram o nome dele para Getúlio punir. Na primeira oportunidade, Getúlio o promoveu a general. General Dutra.

3. Fim do governo de Dutra, Getúlio eleito presidente, Estilac Leal deu entrevista defendendo a posse. Dutra mandou prender. Alzirinha procurou Vitorino Freire: – O Dutra não vai dar posse ao patrão (ela chamava Getúlio assim). Prendeu o Estilac porque ele quer a posse. Vitorino foi a Dutra:

  • Por que o senhor prendeu o Estilac?
  • Porque ele quer dar posse ao Getúlio.
  • O senhor é contra a posse?
  • Claro que não. Tanto que prendi também o coronel comandante da cavalaria no Rio Grande do Sul, porque não quer dar posse. Prendo quem quiser dar posse e prendo quem não quiser. Quem dá posse é a Constituição. E eu, que sou o encarregado de cuidar dela.

4. Agosto de 1954. Vitorino Freire liga para a casa do marechal Dutra: – Num atentado contra Lacerda, mataram o major Vaz, da Aeronáutica. – É da ativa ou da reserva? – Da ativa. – O cadáver vai chegar errado. Desta o Getúlio não escapa. Não escapou.

(Do livro Folclore Político, de Sebastião Nery, 1950 histórias, 5 volumes em 1)